Banco CTT acaba com borla nas contas e passa a cobrar comissão de manutenção de 20 euros por ano

19-01-2022 21:40

Banco dos Correios coloca ponto final na estratégia "comissões zero". Começa a cobrar comissão de manutenção de 20 euros por ano a partir de abril. Não é o único preço que sobe dentro de semanas.

Se é cliente do Banco CTT, prepare-se para começar a pagar pela manutenção da conta. Até agora, o banco tem dado essa borla inserida numa estratégia comercial agressiva de “comissões zero” que implementou desde o início, em 2016, para conquistar clientes. Mas essa gratuitidade acabará a partir de abril, com a instituição a passar a cobrar uma comissão de 20 euros por ano (cinco euros por trimestre), mais imposto de selo (IS de 4%). Não é a única subida que vem aí.

As alterações já constam da Ficha de Informação Normalizada (FIN) disponibilizada pelo Banco CTT. Há um detalhe que pode fazer a diferença entre pagar a comissão de manutenção ou não: quem tiver um cartão de débito associado à conta mantém a isenção na manutenção.

Contudo, mesmo estes clientes não se livram de um aumento dos encargos com o cartão de débito. O preço da sua disponibilização, que custa atualmente 15 euros, sobe para 18,5 euros (mais IS), o que representa um agravamento de 23%, de acordo com o documento.Por outro lado, os levantamentos em numerário ao balcão também vão encarecer: custam hoje cinco euros (mais IS) por ordem de levantamento e o preço por operação vai aumentar para 7,5 euros (mais IS), ou seja, vai custar mais 50% dentro de cerca de dois meses e meio.

Outra medida que terá impacto no bolso dos clientes afetados: o Banco CTT também vai começar a cobrar pela conta de serviços mínimos. A partir de 1 de abril aplicará uma comissão de manutenção no valor 4,08 euros (mais IS), perto do valor máximo permitido para este ano de 4,43 euros (correspondente a 1% do IAS), de acordo com a ficha de informações deste produto disponibilizada pelo banco.

O ECO contactou a instituição, mas não obteve uma resposta até à publicação deste artigo.

Apenas quatro bancos isentam manutenção

O Banco CTT é o último banco a aumentar os preços dos serviços e produtos bancários, depois das subidas já anunciadas pelo BCP, Santander, e Novobanco (que tirou a borla para quem tinha contas com saldos acima dos 35 mil euros) para este ano.

Estes ajustamentos têm sido justificados pelo setor com a pressão dos juros do Banco Central Europeu (BCE), que tem dificultado a geração de rendimentos por via da margem financeira, isto é, receitas com juros cobrados nos empréstimos menos os juros pagos nos depósitos, o negócio tradicional da banca. Assim, têm encontrado nas comissões uma forma de fazer crescer as receitas. Mais bancos deverão ajustar os seus preçários proximamente, como têm feito nos últimos anos.

Atualmente, são apenas quatro os bancos que mantêm a isenção de comissão de manutenção de conta: ActivoBank, BiG, Banco Best e BNI Europa, segundo a Deco.

550 mil clientes depois acaba com “comissões zero”

Para o banco dos Correios, que chegou a considerar que a estratégia de “comissões zero” se tratava da “espinha dorsal” para o crescimento da base de clientes, o fim desta isenção significará uma nova abordagem ao mercado, já estando estabelecido com mais de 550 mil clientes (dados até 2020) conquistados em cinco anos de atividade. Só as transferências realizadas através do homebanking continuam a ser gratuitas.

Juntamente com o segmento Expresso e Encomendas dos CTT, o banco é visto dentro do grupo como uma das alavancas de crescimento, numa altura em que o seu negócio mais tradicional do Correio está em queda.

De acordo com as últimas contas disponíveis do banco, as receitas com comissões ascenderam a 18,5 milhões de euros entre janeiro e setembro de 2021, o que representa uma subida de 28% em relação ao mesmo período do ano passado. A margem financeira também subiu 22% para 40 milhões, contrariando até a tendência de alguma estabilização do setor. E, depois de um prejuízo de 1,9 milhões de euros em nove meses 2020, acumulava um lucro de quase 14 milhões no mesmo período do ano passado.

IN SAPO