ELEIÇÕES NOS E.U.A.

05-11-2020 15:06

"O"  Site agradece  ao nosso correspondente na REUTERS este update sobre as eleições nos E.U.A.

O resultado final das eleições norte-americanas parece estar cada vez mais próximo, isto depois de Joe Biden ter garantido dois Estados decisivos para a vitória: Michigan e Wisconsin. Há ainda pelo menos três caminhos para a vitória do candidato democrata, que passam pelo Arizona, Nevada, Pennsylvania e até Geórgia. Mas uma coisa são os resultados finais, outra é a batalha que Trump já tem em curso e que pode adiar o anúncio oficial do vencedor.

 
A campanha de Donald Trump já anunciou que vai exigir a recontagem dos votos nos Wisconsin, onde Joe Biden venceu e tem uma diferença de pouco mais de 20 mil votos (98 por cento contabilizados). E vai também avançar com ações legais para parar o processo no Michigan, onde também já foi atribuída a vitória a Biden - com 98 por cento dos votos contados, o candidato Democrata vence com uma vantagem de cerca de 100 mil votos.
 
E não ficam por aqui. A equipa legal de Trump pretende ainda avançar com processos legais na Pennsylvania - outro Estado que pode ser decisivo no resultado destas eleições - contra os prazos para a validação dos votos por correio. E mais uma ação na Geórgia.
 
Nada disto é grande surpresa. Ao longo de toda a campanha Donald Trump tentou lançar uma nuvem negra sobre o voto por correio, uma forma de exercer a democracia que existe há muito tempo nos EUA.
 
Ao final do dia de ontem nos EUA (madrugada em Portugal), Donald Trump escreveu uma série de tweets onde tenta uma vez mais levantar toda uma onde de suspeitas sobre o processo eleitoral.
 
Escreveu que os advogados pediram "acesso significativo" ao processo a decorrer mas que isso já não fará qualquer diferença uma vez que o "mal já foi feito à integridade do nosso sistema é à eleição presidencial". 
 
Trump escreveu também que houve uma "série de urnas" com votos que foram secretamente deitadas fora. Não há, diga-se, qualquer prova de que tal tenha acontecido. 
Já antes Trump tinha escrito que andavam a "encontrar votos para o Biden em todo o lado - na Pennsylvania, Wisconsin e no Michigan. Tão mau para o nosso país".
 
Esta incerteza sobre o resultado final explica-se em parte pelo facto de ter sido uma eleição num momento muito particular, com uma pandemia em curso, o que levou a que muitos americanos tivessem votado antecipadamente por correio. Bem mais do que o normal. Muitos desses votos só começaram a ser contabilizados depois de encerradas as urnas na noite de terça-feira.
 
Foi também a votação com um valor recorde de participação.
 
Em conferência de imprensa esta quarta-feira, o candidato democrata Joe Biden mostrou-se confiante na vitória mas não a deu ainda como garantida.
 
Mesmo assim, anunciou o lançamento de um site na internet para a transição para uma Casa Branca controlada pelos Democratas. E prometeu ser Presidente de todos os americanos.
 
"O que nos aproxima é muito mais forte do que qualquer coisa que nos possa separar", afirmou. 
O caminho para a vitória
 
Nesta altura Joe Biden lidera com 253 votos para o Colégio Eleitoral, enquanto que Trump tem 214. Para serem eleitos têm que atingir 270 votos para o Colégio Eleitoral.
 
Nas últimas horas Joe Biden garantiu o Wisconsin e o Michigan, dois Estados que sempre foram considerados fulcrais no caminho para a vitória do candidato Democrata.
 
Foram para já os dois únicos que mudaram de cor em relação às eleições de 2016. Trump tinha vencido nestes Estados, derrotando Hillary Clinton. 
 
A partir daqui, se Biden garantir a vitória na Pennsylvania - terra onde nasceu - fica com a Presidencia garantida, com um total de 273 votos para o Colégio Eleitoral.
Imagem do site do The New York Times
A contagem neste Estado ainda está a decorrer e o processo pode demorar mais uma longas horas uma vez que a Pennsylvania aceitou votos que cheguem mais tarde - tendo em conta os atrasos nos correios - mas que tenham data de envio atempada. É isso que Trump contesta.
 
Com 89 por cento dos votos contados, Trump lidera com 50,7 por cento e Biden com 48,1 por cento. O resultado pode no entanto virar uma vez que a maior parte dos votos por contar são os que chegaram por correio que tradicionalmente são mais Democratas do que Republicanos.
 
Caso Trump vença a Pennsylvania, Biden tem ainda mais duas ou três possibilidade. Primeiro tem que garantir o Nevada. Lidera nesta altura com apenas 8 mil votos de diferença. No entanto, é expectável que vença. São seis votos para o Colégio Eleitoral. Ficaria com 259.
 
As grandes surpresas podem no entanto ainda chegar do Arizona ou até mesmo da Geórgia. Se vencer no Arizona - segue na frente -, Biden rouba mais um estado aos Republicanos e com mais 11 votos para o Colégio Eleitoral conseguiria a eleição. Precisamente 270. 
 
Se não vencer o Arizona mas roubar a Geórgia a Trump - o que seria igualmente inesperado - também consegue vencer as eleições. 
 
São vários os caminhos para a vitória de Biden, e Trump sabe isso. Tudo indica que mesmo quando se tornarem oficiais os resultados, o anúncio do candidato vitorioso pode demorar várias semanas devido aos processos em tribunal.
 
De recordar no entanto que esta situação não é de todo anormal nos EUA. Na eleições de Bush contra Al Gore, Bush só foi oficialmente declarado vencedor em dezembro, depois de Al Gore ter desistido da luta legal sobre a contagem dos votos na Florida.
 
REUTERS