MAIS MURO

30-03-2017 14:17

Donald Trump arrisca cumprir os seus primeiros cem dias no poder com o país em shutdown, ou seja, paralisia governamental. E tudo por causa da insistência do presidente em incluir no quadro orçamental do governo um suplemento destinado a pagar o muro que o multimilionário prometeu erguer na fronteira com o México. Essa lei terá de ser aprovada no Congresso até 28 de abril e, no dia seguinte, Trump cumpre os primeiros cem dias na Casa Branca. E, por isso, os próprios líderes republicanos no Congresso recusam incluir na lei o referido suplemento, caso contrário contariam com o veto da oposição democrata.

"Todas as comissões, líderes da Câmara dos Representantes e do Senado estão a trabalhar juntos para finalizar o resto da lei. Palpita-me que isto correrá melhor se não incluir o suplemento", disse o senador republicano Roy Blunt, acrescentando que a questão do dinheiro adicional para o muro pode ser tratada mais tarde por forma a evitar um desacordo entre os dois partidos e, em consequência, uma paralisia do governo.

Na história moderna dos EUA já houve 18 shutdowns, tendo o último dos quais ocorrido em 2013. O presidente era Barack Obama e o bloqueio durou 16 dias. Na altura, a falta de acordo sobre o Orçamento teve que ver com o Obamacare. Isso fez que serviços considerados não essenciais do governo dos Estados Unidos, como sejam parques ou museus, tivessem de suspender as suas atividades. Na altura, segundo a CNN, o shutdown teve um impacto económico de 24 mil milhões de dólares (22 mil milhões de euros).

Em causa neste momento estarão, segundo o The Washington Post, 33 mil milhões de dólares (cerca de 30,5 mil milhões de euros) adicionais para a área da Defesa e para a segurança fronteiriça, com cortes de 18 mil milhões de dólares (cerca de 16,6 mil milhões de euros) na investigação médica e de trabalho. É isso que propõe Trump. Mas os democratas ameaçaram opor-se a qualquer iniciativa que o Congresso pretenda aprovar para a construção do muro. O bloqueio deixaria o governo sem financiamento.

Ao The Washington Post o senador republicano Richard Shelby disse que introduzir o suplemento com dinheiro para o muro era dar uma desculpa aos democratas para bloquearem todo o projeto de lei e em consequência o governo. A senadora democrata Claire McCaskill previu, por seu lado, que a construção do muro tenha um custo total de 67 mil milhões de dólares (62 mil milhões de euros), longe dos 21,6 mil milhões de dólares (20 mil milhões de euros) estimados pelo governo ou dos oito mil milhões de dólares (7,4 mil milhões de euros) que Donald Trump disse inicialmente que iria custar.

De acordo com a senadora, ao ultrapassar os 2,8 mil milhões de dólares (2,5 mil milhões de euros) que Trump solicitou oficialmente para os primeiros 120 quilómetros no Orçamento de 2018, o custo total para toda a fronteira chega aos 67 mil milhões de dólares (62 mil milhões de euros).

Estes revés aos planos do presidente para financiar o muro surge na mesma altura em que o Departamento de Segurança Interna decidiu estender o prazo para a apresentação de candidaturas por parte das empresas que queiram construir o referido muro. O prazo expirava ontem e agora passou para o próximo dia 4 de abril. Serão depois selecionadas 20 empresas e as maquetas dos projetos apresentadas em San Diego.

Trump disse desde o início que quem pagaria o muro seriam os mexicanos mas o governo do México rejeita a ideia. O presidente indicou depois que os EUA pagariam o muro mas que o México teria depois de fazer um reembolso. Algo que o México também recusa.

 

IN DN