O HOMEM QUE NÃO ESTAVA LÁ
É conhecido como "O Homem que Não Estava Lá" (tradução de um filme dos irmãos Coen que, em Portugal, se chama "O Barbeiro"). Há dez anos que é chefe de um departamento no Arquivo Geral e Fotográfico de Valência, em Espanha, mas nunca ninguém o viu trabalhar. Carles Recio conseguiu a proeza, denuncia o jornal El Mundo, picando o ponto todos os dias às 07h30, saindo imediatamente do local logo de seguida e voltando apenas ao final do dia de trabalho, para marcar a sua saída. No local onde deveria cumprir as suas funções, contam os colegas, nunca houve sequer uma secretária ou um computador. No entanto, isso não o impediu de receber mais de 3 mil euros de ordenado todos os meses, durante a última década. Recio foi nomeado para o cargo de chefe da Unidade Bibliográfica daquele arquivo municipal em 2006, cargo que, ao que tudo indica, foi criado propositadamente para ele. Para além de não ter material de trabalho no local onde deveria exercer as suas funções, também nunca ficou claro quais seriam as mesmas... Ninguém sabe quais as funções que lhe foram atribuídas no seio da restante equipa, pois nem são mencionadas no decreto onde o seu cargo é estabelecido. Por lá, lê-se apenas que deveria supervisionar os fundos bibliográficos do arquivo e encarregar-se de projetos relacionados com exposições, publicações e divulgação junto de outras entidades. Outra secção está encarregue da mesma função, pelo que a criação do cargo, em 2006, foi questionada por muitos. Recio nem sequer aparece na lista de funcionários publicada online pelo centro e, de resto, os colegas apenas privam com ele quando este aparece para marcar as suas férias. "Apenas fiz o que me disseram para fazer" Questionado pelo jornal espanhol, Recio confirma o ritual de "picar o ponto" que cumpre todos os dias, mas garante que o faz porque está "a desenvolver projetos fora" do local. Não forneceu nenhum exemplo ou prova dos ditos projetos "por questões de confidencialidade" e assegura que o seu trabalho é, por natureza, "itinerante". Admite, no entanto, que irá fornecer mais informações sobre o trabalho que desenvolveu nos últimos dez anos quando for o momento certo."Um dia destes conto o que me trouxe até ao Arquivo. Apenas fiz o que me disseram para fazer", justificou, proclamando-se como vítima do sistema.
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